domingo, 13 de dezembro de 2009

Namorados.




"Namorados. São uma coisa porreira. Dão-nos rosas, escrevem-nos poemas, compram-nos cartões com ursos ramelosos e “fofinhos” da colecção Forever Friends, olham para nós com aquela expressão que têm os cães da União Zoófila e enchem-nos os dias de amor e romance. Os mais dotados e dedicados trazem o pequeno almoço à cama, cantam-nos Caetano Veloso ao ouvido – ou, no mais apurado estilo poético, declamam David Mourão-Ferreira num tom que só nós ouvimos – levam-nos às Caraíbas, oferecem-nos livros maravilhosos e discos inesquecíveis. Os mais tradicionais gostam de nos levar a jantar fora aos restaurantes da moda, os artísticos preferem levar-nos ao teatro, ou a Porto Brandão numa romântica viagem de cacilheiro ao fim de semana com as gaivotas por companhia e meia dúzia de gatos pingados avulso no mundo.
Namorados. São uma coisa porreira. Fazem-nos sentir a nós mulheres bonitas, únicas, amadas e desejadas. Chamam-nos Pequeninas, Princesas e outras delícias para o ouvido e o coração, enchem- se de paciência para ouvir os nossos desabafos e alinham com os nossos amigos. Alguns até têm um dom especial para lidar com as nossas mães, mas isso é uma singularidade rara, não podemos contar com ela no comum mortal.
Namorados. São uma coisa porreira. Até ao dia. O dia em que acordam e ficam com dúvidas, acendem a luz de alarme do complicómetro e começam a pensar no-que-é-que-isto-vai-dar, ou então ligam o radar que é outra peça que vem sempre acoplada ao macho e descobrem que o mundo está cheio a abarrotar de Princesas, Pequeninas e outros seres maravilhosos com longas pestanas, calças de ganga justas e cabelos compridos. E que muitas delas, coitadinhas, estão tão sozinhas, mesmo a precisar de companhia.
Como dizia o outro – desculpem andar-me a repetir com citações, parece que já usei esta, mas para mim é mais ou menos como o puré de batata nos menús dos colégios, dá para tudo – o homem caça e luta, a mulher intriga e sonha. E caça mesmo. Perdizes, narcejas, galinholas, Cláudias, Kátias ou Luisas, tanto faz. No couto ou no Lux, é indiferente. Ao meio dia num campo descoberto ou às cinco da manhã na pista da Kapital, não é relevante. O que o Homem gosta é do acto predador: se é um safari no Quénia ou uma saída na movida lisboeta, tanto faz. Há que apanhar uma presa e dar-lhe cabo do canastro. O que é preciso é um tipo manter-se vivo, dizia-me outro dia um caçador nato. Como se a vida dependesse disso.
Namorados. São uma coisa porreira, se nunca nos esquecermos que são como os iogurtes: saborosos, docinhos, deliciosos, mas com prazo de validade. Mas há que olhar para o lado do bom da coisa e fazer como diziam os romanos carpe diem, que é como quem diz, aproveitar o dia e esperar pelo dia seguinte sem esperar nada. Com um bocadinho de sorte, pode ser que ele ainda lá esteja, ou telefone, ou não lhe tenha apetecido ir às narcejas. Ou às Cláudias. "

Margarida Rebelo Pinto

Ps. Obrigada Tânia pela tua partilha deste texto no hi5 xD Acho que qualquer mulher vai identificar-se com ele.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Eu tenho um sonho.

Eu tenho um sonho… Sonho com o dia em que os alunos votam pela competência e responsabilidade das pessoas que se candidatam a uma lista e não se tem A B ou C , que por sinal é muito jeitoso e veste roupa de marca. Sonho que pessoas hipócritas, medíocres e que fazem tudo para ter um pouco de fama fechem a matraca para não passarem ainda por mais burras. Ah perdão! Burros não, que ofensa, tenho que irradiar essa palavra do meu dicionário linguístico. Bem, pessoas com menos capacidades intelectuais que acham-se os reis e rainhas do universo escolar. Sonho com pessoas humildes, simples e responsáveis que dão tudo por tudo por um objectivo limpo. Pessoas com ideologias, valores e sonhos semelhantes ao meu. Conheço-as. São pessoas respeitáveis, com personalidades fixas e fortes, sem qualquer tipo de medo de serem julgadas por aquilo que são e fazem. Tive-as ao meu lado, a lutarem comigo. Foram várias as batalhas e acabámos por ganhar a guerra, não da maneira que queríamos que ganhássemos, mas de uma forma muito simbólica. Ganhámos o melhor que poderíamos ter ganho. Alcançámos a amizade de todos e a união. Perdemos nas urnas é um facto, mas não houve lista como a nossa. Lutamos com todas as armas possíveis, desde a criatividade à proximidade com os alunos. Estivemos cientes desde o princípio que o inimigo não seria fácil de abater, mas criámos condições para que tal fosse possível. Fomos pessoas humildes que deram corpo e alma por um projecto ambicioso mas exequível. Ao nosso lado batalharam enumeras pessoas, das quais nem pensaríamos que reconhecessem o nosso valor. Hoje agradeço a todas elas, pelo seu empenho e dedicação e por principalmente acreditarem em mim. Superei-me, atingi os meus objectivos. Fiz frente e tive pulso sob todos aqueles que nos queriam derrubar. Uma guerra não se faz só com o comandante, mas sim com soldados. Soldados que sem eles não se poderiam ganhar um guerra. Soldados que se não trabalharem e tiverem a mesma ideologia dos seus “superiores” não serviram de muito. São carne para canhão, como se diz. E foi por isso que escolhi os meus soldados a dedo. Foram os melhores e devem-se sentir honrados. Hoje sinto-me feliz e tranquila. Não ganhei a guerra? Ganhei pois. Ganhei a amizade de muitos e a saudade daquilo que foi uma óptima campanha e lista. Foi um sonho? Não, uma realidade. Há quem ainda sonhe e sonhará com isso…


A sempre *